Acadêmico: Carlos André dos Santos.
Não temos a pretensão de analisar com altiva envergadura a semiótica do aludido filme, essa análise demandaria adentrar em contato com as teorias especificas do cinema, o que não vem ao caso, visto que não dispomos de arcabouço teórico que de subsidio a essa demanda. Por ora, limitamos em afirmar que: Letícia Sabatela e Wagner Moura recriam no teatro bem como na linguagem cinematográfica, a história de amor entre Tristão e Isolda, obra está que marcou época por volta do século XII e influenciou gerações de casais apaixonados. Visualiza-se nas incenações, um forte apego a linguagem poética, literária e corporal e um estridente apelo à emoção. Todos esses elementos são signos, visto que compreendemos como signo qualquer coisa de qualquer espécie.
Impressiona o fato dos personagens incorporarem a ficção, ou seja, confundir a ficção com a realidade. Ainda, não se pode perder de vista que houve uma grande preocupação com a aceitação do público.
A cada novo cenário, exigiam-se novas leituras adequadas ao contexto. Fica perceptível quando se observa que novas linguagens foram incorporadas no andamento da incenação, quando o espaço de atuação muda do tablado teatral para linguagem cinematográfica (no cenário da vida modesta do sertão paraibano), bem como em outras ocasiões.
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ResponderExcluirAna Paula Pereira Cruz, Rosana Rocha e Viviane Queiroz
ResponderExcluirLeitura fílmica: Divã
O filme Divã retrata a história de Mercedes (Lília Cabral) uma mulher alegre, mãe de dois filhos, que parecia muito bem casada. Ela decide ir a um psicanalista (Dr. Lopes), não por acaso, mas por sentir-se um tanto desapontada com a sua relação conjugal que estava caindo na mesmice, seu marido não lhe dava mais tanta atenção, não lhe escutava...
A sua gastura era de saber se tinha “entrado na porta certa”, se tinha feito a melhor escolha. Quando começa a desconfiar que seu marido tem outra a coisa piora; ela passa a namorar Theo (Gianecchini) um cara mais novo, sofre uma grande desilusão, o casamento acaba, ela conhece outro cara jovem, a vida de Mercedes, enfim sofre uma reviravolta completa.
O filme é entremeado com as consultas no psicanalista, cenas do passado e presente, e para, além disso, do desejo do personagem de como ele queria que acontecesse tal fato.
Isto nos dá a sensação mais realidade e aproximação com nosso eu, pois por vezes nos pegamos também querendo “forjar” os acontecimentos, “manipulá-los”; mas (in)felizmente está acima de nossa capacidade humana.
É interessante quando Mercedes despreza uma senhora que vai conversar com ela, pelo modo como se veste e especialmente pela linguagem desta senhora. Tanto que em casa ela começa a contar para o marido, até então, que a mulher queria ser sua amiga, mas usou de forma equivocada o pronome “lhe”. Aqui se caracteriza um pouco do que Gnerre fala a respeito da Linguagem, poder e discriminação: “a linguagem constitui o arame farpado mais poderoso para bloquear o acesso ao poder”.
Um outro fato interessante também no filme é que quando Mercedes começa o namoro com Theo e depois com Murilo logo ela muda de atitudes, gosto, comportamento (falo dela, mas o mesmo aconteceu com o ex-esposo dela interpretado por José Mayer).
Isto nos evidencia o quanto nos constituímos na relação com o outro, de que por vezes somos muito mais o outro do que nós mesmos, sobre o que podemos refletir até que ponto somos nós mesmos ou a representação de alguém? Não é que seja algo negativo, se é isto necessário para que nos sintamos feliz (assim como Mercedes com seus amores).
É válido pensar ainda sobre o fato de que o pensamento inicial de Mercedes era de estabilidade já no final ela compreende que o mundo é de constante transição. Tudo é transitório. E o mais importante é saber lhe dar com isto: dificuldades, alegrias, decepções, prazer, perdas, felicidades... Pois na vida as surpresas são inevitáveis!